JECA TATU DE CHUTEIRAS
Bem... Eu relutei algumas vezes em falar da Seleção Brasileira de Futebol mas dessa vez não deu... Eles abusaram. Vamos lá:
Quando tinha 11 anos em 1981 tivemos em casa a chegada de uma grande novidade; A TV a cores. Chegou na minha casa após grande esforço de meu pai, que era um homem culto, inteligente, de muito bom gosto e nenhum juízo. Ainda bem. Do contrário, ao invés de assistir o Mundialito de Futebol do Uruguai, disputado pelas seleções vencedoras de copa do mundo, eu teria no lugar da alegria uma penca de cestas básicas. Enfim...
Sou de uma geração que não via o Brasil vencer títulos internacionais. O Mundialito em questão por exemplo, foi vencido pelo Uruguai, na bola e no pau. Tele Santana nosso treinador mandou a seleção jogar rosas para a torcida uruguaia. Em retribuição, nossos craques receberam, pedras, pau, saco de mijo, rádio de pilha e o diabo. Tudo alí, ao vivo e a cores! Eu delirava. Idiossincrasias do futebol que os leitores de Rene Descartes não vão entender nunca.
Fato é, que aquela seleção tinha a minha mais febril torcida porque ela me representava. Porque alí naquele time que tinha Carlos, Leandro, Oscar, Luizinho, Junior/Cerezo, Sócrates, Tita/Paulo Isidoro, Serginho e Zé Sergio havia a mais pura cara do povo Brasileiro. E não só por ser um timaço. Mas porque dentro de campo, tinha a nossa cara. Insisto nisso; Nós, naquela época, não precisavamos parecer europeus, não tínhamos a obrigação de saber da Uefa Champions League, mal sabíamos do Manchester United e o Liverpool só era o melhor time do mundo, para esse tal de "mundo". Para nós, eles eram os perna de pau, os gansos ruim de bola que levariam um vareio do Flamengo do Zico em dezembro daquele 1981. Eram tempos lúdicos.
Tempos em que brasileiros jogavam como brasileiros. Não precisávamos vencer copa do mundo nos penaltis, para afirmar nossa identidade. No dia 5 de julho de 1982, uma segunda feira que para mim começou meio dia, com o inicio do jogo Brasil x Italia no estádio do sarriá em Barcelona, entrou para o rol dos dias mais tristes de toda a minha vida. Chorei sim. Pra caramba. Eu vi uma das melhores equipes de futebol de todos os tempos perder um jogo para uma decadente e burocrática seleção da Itália. Saímos fora daquela copa que tinha que ter sido nossa e minha raiva maior era justamente essa; Não de nosso time mas, da Copa que permitia que aquele time de coisa pudesse acontecer. Um crime contra o futebol. Mas dane-se!
A tristeza de menino passou em alguns dias. E passou porque no final dessa mesma semana, No campo distrital do Nacional do Parque Novo Oratório, quando eu cheguei para disputar o clássico do subúrbio de Santo André contra o Gremio Santo Alberto, quando o nosso técnico Esquerdinha me entregou minha camisa 10, eu a vesti querendo ser Zico. Eu queria jogar um futebol belo, objetivo, cheio de ginga, malemolência, suingue porque esse Futebol é aquele que o mundo todo conhece como FUTEBOL BRASILEIRO. Quando você disputa uma pelada em Split, na Croácia, no primeiro toque na bola o Croata saca de cara quem é Brasileiro. E por isso eu queria jogar assim. Nem me passou pela cabeça querer ser "Paolo Rossi", "Rumenigh", "Platini". "Sou jogador de futebol e Brasileiro. Sou maior que todos eles." Era assim que pensava. E não havia impáfia nisso, não.
Acabei de falar que perdemos na Espanha e isso não me irritou porque o futebol é assim. Perdemos sim mas mantivemos nossa cara, nossa cultura, nossa identidade. Em Roma, o 5 de julho de 1982 é lembrado pela Tv em rede nacional e isso é a prova da Grandeza de nosso Futebol. A questão que me vem à mente é; "De que forma a gente perde?"
Pois é...
Os tempos são outros. Agora nossos jogadores não aparecem no Brasil nem para tomar um sol no Leme. Já não há a menor identificação entre os jogadores que atuam na Europa e a nossa torcida. O Jeito de jogar então nem se fala. Agora impera o pragmatismo dos técnicos de futebol. Um bando de nêgo burro, empolados, pernósticos, cafonas, que sofrem de um intrínseco "complexo de caboclo", um sonho louco de virarem ingleses. Um nojo! Treinam equipes não para as mesmas vencerem. O principio inicial é "não perder". A prioridade não é mais a beleza do futebol jogado mas sim, os empregos dos "fessores" da bola. Agora na Seleção tem um que ta virando um deles...
Dunga.
Esse faz parte daquele grupo que falo aqui, que para falar com a bola mandava oficio. Andrade do Flamengo tratava a redonda por "Você". Jogador tosco, limitado, duro de cintura, teve lá um brilhareco em 1994 e por esses abalos sísmicos da natureza, foi campeão do mundo. Uns meses depois caiu com a Fiorentina para segunda divisão... Bem, mais outro desses abalos e agora o elemento é técnico da seleção.
Como falei acima, sou do tempo que vitória de 3x0 contra a Venezuela era motivo de demissão sumaria do treinador. E olha que esses, eram Tele Santana, Osvaldo Brandão, Enio Andrade... Vê se algum deles fazia parte dos 7 anões?? Pois é. O dito técnico conseguiu a façanha de levar um reio de 2x0 da Venezuela e saiu falando que "tudo bem, amistosos servem para isso..." Levando a coisa para as Eliminatórias, claro que daria no que deu.
Entramos no Defensores Del Chaco com 3 volantes, 1 meia recuado, um Robinho perdido e mais o Luiz Fabiano, tão sozinho quanto Dom Quixote, doido lutando contra os moinhos de vento. Time cheio de medo, borrando as calças contra o Paraguai. A impressão que tive naquele primeiro tempo, era que o Paraguai enfrentava o Araçatuba do interior Paulista e nunca, a Gloriosa Seleção Brasileira de Futebol. Perdemos.
Com uma marcação fortíssima nos parcos atacantes Brasileiros, com o Diego mais perdido que Charlie Bird querendo tocar bossa nova em violão e mais um partidão de Cabãnas, Roque Santa Cruz, Vera, Santana, o Paraguai passou por cima do Brasil num 2x0 graúdo. Poderia ter sido uns 4 se o Técnico deles não tivesse tirado os dois principais atacantes goleadores. Que péssimo.
Quarta feira no mineirão enfrentaremos os Argentinos no maior clássico do Futebol mundial! Aí é briga de cachorro grande e bem pode ser que vençamos os portenhos com altivez. Caso isso aconteça eu só espero que seja de uma forma digna de nossa cara e nossas penas tortas
Eu quero vencer a Argentina mas, não com um gol do Pogrebnieck...
Comentários
Vc sabe querido q não entendo patavinas de futebol, mas o joguinho de hoje realmente foi péssimo (até eu percebi! rs) e espero tb q vençamos da Argentina, mas com gosto!!!
Adorei o texto! Ficou redondinho!
Bjnhos
Carol