NÃO, EU NÃO TE AMO...
E segue portanto a saga do torcedor apaixonado, não por convicção mas sim, pelo fato do contrário não poder acontecer...
Estranho quando os amigos me cobram; “Cade o Blog de Futebol? Vai largar”. Digo não, que vira e mexe tem coisa nova por aqui e os convido para uma visita mas não sou sincero.
Eles tem razão.
A frequência aqui não é como de costume e os motivos são tantos, que na hora de escolher um me atrapalho. Mas ontem, numa conversa com o amigo Marcelo Finateli, irmão, parceiro, hoje morando em Florianópolis, palmeirense como eu (Sei lá se isso é possível...) me clareou as idéias. Foi o seguinte:
E aí? Foi ontem no Palestra?
Não, Fino. E acho que vai demorar pra eu voltar lá...
Mas porque??
Cara... O jeito que o Palmeiras escolheu para perder o campeonato brasileiro de 2009 é algo que ainda não superei. Não consigo esquecer daquilo...
Ah foi foda. Mas ontem os meninos jogaram direitinho, fizeram um segundo tempo muito bom e o time esse ano ta no prumo certo.
Falando nisso, Fino... Quanto foi o jogo? Acompanhei até 2x0...
Ma como assim??? Você não está mais acompanhado??
Fino... Ainda não dá...
Porra... 5x1 pra nós! Passeio de bola.
Bom, menos mal...
Seguimos a nossa prosa. Falamos dessa coisa de paixão, profissão, amores, enfim...
Quem me conhece pra valer mesmo, sabe o que estou passando. Sei que eu não preciso explicar pra estes mas isso é um blog, o que faço agora é uma cronica então vamo logo pra capivara...
Tenho 38 anos de idade. Sou brasileiro, homem, hetero, comedor de contra filet com batata frita e filho de Dona Claudete. Mas antes de saber de tudo isso, muito antes, em minha mais tenra idade eu tinha uma única certeza na então recente vida; Que eu era Palmeirense.
Esse tipo de coisa você de alguma forma já nasce sabendo, melhor; Nasce sentindo.
Porque futebol é isso. Sentimento.
O Palmeiras faz parte da minha vida há 38 anos. Nesse tempo todo, vi desde o Deda e Darinta afundarem esse meu time, ao Mario Sérgio com a 10 jogando o fino, até a fase áurea (que minha idade me permitu viver) dos anos 90 quando a parmalat montou um time do Palmeiras que entraria para história, vencendo tres paulistas, dois brasileiros, uma copa do brasil e uma libertadores.
Evair, Edmundo, Alex, Mazinho, Roberto Carlos, Cesar Sampaio, Antonio Carlos, Edilson, Rincon, Zinho, Marcos, Rivaldo entre outros marcaram esse periodo.
Pelo Palmeiras eu ri muito e chorei muito.
Não tenho o menor medo de dizer que as minhas mais sinceras lágrimas, só me escorreram a face pelo meu Verde de Parque Antartica. Claro que amo, amei e fui amado.
Mas é diferente.
De alguma forma, o amor é um sentimento lógico.
Quando você ama sua mulher, imediatamente vem a coisa do respeito, da divisão, do ceder espaço ao amado, da compreensão, do entendimento, do equilíbrio, coisas que alguns entendem como vital para que esse amor perdure ou seja; É uma racionalização.
Paixão não...
Quando estou apaixonado, eu não to nem aí pra nada! Esqueço de pagar a internet, a conta de luz atrasa, nêgo me fala “Po, o ralo do Cidadão Do Mundo ta entupido” e eu respondo “Deixe assim, entupido é lindo!!”
Na paixão num tem essa de dividir, respeitar, ceder, entender, equilibrar, compreender porra nenhuma! Quero tudo pra mim! Quero minha mulher para mim o tempo todo, tudo meu, amando o dia todo, que se dane as horas, as responsabilidades o mundo!!! EU TO APAIXONADO! Claro que isso passa.
Acaba.
Se amor que é amor é para sempre, paixão que não acaba nunca foi paixão. E aí que tá a beleza do futebol!!
A única forma de paixão que não acaba é justamente a paixão do torcedor pelo seu clube de futebol de coração. Qual outra explicação? Que amor resistiria há um clube que fica 16 anos na fila sem títulos como o meu? E o respeito? “Eu só te dou amor e em troca vem essas decepções? E POR 16 ANOS?!?! Que amor resiste a isso? Que lógica?? Seria divórcio na certa e briga por pensão das bravas!
Mas não... o torcedor não ama, “não pensa” como dizem os teóricos das taticas... O torcedor é um eterno apaixonado e nisso eles estão certos. Talvez, só nisso...
Pro resto da minha vida serei apaixonado pelo meu Palmeiras. No entanto me reservo ao direito de dar um tempo com essa paixão, para, pelo menos tentar ficar decepcionado com meu time. O Palmeiras em 2009 escolheu a pior maneira do mundo para deixar de ser campeão.
Não me importaria com mais uma derrota. Acabei de falar, resisti a isso por 16 anos.
O que me fez mergulhar numa profunda depressão foi o total desinteresse desse grupo de jogadores, dessa comissão técnica (muito boa!) e dessa diretoria (Honesta e trabalhadora) em procurar entender que para um torcedor, pouco importa “os treinos físicos da manhã”, a “Saída planejada dos laterais pelo ataque”, a “organização tática da linha defensiva”, que se dane tudo isso.
Para o torcedor, vale o compromisso. Vale o respeito que se tem pela camisa que se veste (isso também é o tão decantado profissionalismo), vale e muito, a consciencia de saber quem passou por alí, de quem pisou aquele gramado, de quem vestiu aquela camisa. Se o Vagner soubesse quem foi o Mazola, o Lima, o Artime, o César, ou o Evair, jamais ele teria em campo o comportamento indecente que teve na ultima rodada do Brasileirão contra o o Botafogo.
Mas pra que?
Vai perder tempo de treinamento para falar da história de um clube de 96 anos? Que foi pressionado pelo Estado Novo a mudar de nome? Que quase perdeu seu estádio por conta de perseguições absurdas durante a segunda guerra? Não!! O que vale é “treinar as bolas alçadas”. São “os testes ergométricos”...
A palestra de auto ajuda chinfrin, tosca, vagabunda, de 17ª categoria e português errado dos “pofexô”...
Dane-se o sentimento. Em tempos modernos não da pra perder tempo com isso não é mesmo? Tudo bem...
Não vou jamais abandona-lo, meu glorioso alvi verde. Mesmo se quisesse não conseguiria porque o Palmeiras é parte da minha vida e isso é muito sério. Mas agora, como todo apaixonado, “to magoado”. Fica tranquilo; Já, já eu to de volta.
Até lá, tentem respeitar aqueles que assim como eu, levam essa paixão muito a sério. E isso não é um pedido.
Me desculpa, Divino e eterno Ademir Da Guia...
Comentários
Como é sabido e notório, o CANELA DE FERRO é de um alvi verde, louco, apaixonado e alucinado. Portanto óbvio que o time de Bats meu amigo não é bem vindo aqui. E como ja confessei, o Riva com a 10 do Flu foi de sacanagem mesmo... haha. Mas aí vem a reflexão cabível para esse caso, muito bem sacado por meu amigo.
CANELA DE FERRO nasceu como uma idéia minha de manter um foco de resistencia à minha maneira de enxergar e abordar o futebol. Para mim este esporte é cultura, sociedade, economia, educação, inclusão, identidade, arte e paixão. Ou seja; Estava errada minha decisão.
Bats ta coberto de razão quando diz que admiro alguns dos ídolos do Corinthians sim. Vários:
Rivelino, Carbone, Sócrates, Claudio Do Pinho, Neco, Baltazar, Luizinho... Que fique clara aqui uma coisa:
Quando digo que "não gosto desse time" isso se restringe única e tão somente à rivalidade esportiva, tão boa e saudável como a minha e de meu grande amigo Batata, e que tanta falta faz em dias truculentos como estes. O que não quer dizer que eu não reconheça a grandeza desse clube centenário, que se difere de absolutamente tudo no Brasil, por ser de fato e direito o time que melhor representa o povão sofrido cá de minha terra.
Agora a explicação:
Quando montei as fotos laterais não sabia que havia um limite no blogspot. Isso me limitou a algumas escolhas e em função disso, criei no fim da página do blog A COLUNA MÁGICA DO CANELA DE FERRO onde homenagieo outros tantos desses meus heróis. Mas faltava mesmo um grande de Parque São Jorge.
Então em homenagem ao meu grande amigo e irmão Batata, esse humilde blog tem daqui por diante, a honra de ter em sua Coluna Mágica, o GRANDE LUIZINHO POLEGAR.
O critério, foi seguir a linha do blog de lembrar um grande Deus da Bola do passado e a escolha do Luizinho, deve-se ao fato dele ter sido um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, campeão pelo Corinthians do IV Centenário em 1954 além de nascido, crescido, vivido e morrido na Zona Leste. Passou lá sua vida toda e não há nada mais corinthiano que isso.
De resto, reafirmo aqui que a grandeza de meu Palmeiras só é verdadeira em função da grandeza de nosso arqui-rival de Parque São Jorge. E vice versa...
Meu Grande amigo Batata, agradeço-lhe a chance do esclarecimento, a ti minha homenagem via LUIZINHO, obrigado pela visita e apareça sempre que tu és muito bem vindo.
Forte Abraço
Ta lindo. Belo exemplo do que é "torcer".
Valeu meu véio!
aparece pra tomar uma e visitar minha filha seu padrinho ausente e desnaturado!!
Abraço, Lelo
abraço mano