LIVRE EXPRESSÃO: FALANDO COM MEUS DOIS MESTRES E MEU IGUAL, ADRIANO. Agora a gente pode...


























Bom...



Antes de falar de Neymar, Robinho, Ganso (que jogador espetacular esse
moço!) do meu verde de parque antártica e sua histórica virada na vila, vamos tratar de algo tão importante quanto...


A mídia "futebolistica" como de costume, explorou o "caso Adriano" até sangrar.


Lendo a respeito descobri duas novidades ótimas; Primeiro a contratação do ótimo Lucio De Castro pela ótima ESPN BRASIL. Lucio, tal qual meu amigo Xico Sá e outros tantos, como Tostão e MichelLaurence são daqueles que leio de joelho.


A segunda boa novidade foi a abordagem de outro Monstro Sagrado das letras, Mestre Eduardo Galeano, abordando o caso Adriano, no Blog Do Lucio, hospedado no site da ESPN Brasil :


http://espnbrasil.terra.com.br/luciodecastro/post/107727_EXCLUSIVO+FA+DO+ESPORTE+EDUARDO+GALEANO+FALA+SOBRE+O+CASO+ADRIANO


Como abordei o mesmo assunto, dou aqui ao leitor do Canela essas duas pérolas: O texto do lúcio e a opinião do Mestre Galeano:




Exclusivo: Fã do Esporte, Eduardo Galeano fala sobre o caso Adriano

por Lúcio de Castro, blogueiro do ESPN.com.br


Eduardo Galeano tinha apenas 31 anos quando assombrou o mundo com “As Veias Abertas da América Latina”, que quatro décadas depois, segue sendo fundamental para entender quem somos, o que somos e as razões.


Tivesse feito apenas isso e já teria a eternidade garantida. Uruguaio, simples como são os monstros sagrados de verdade, seguiu escrevendo obras fundamentais como a última, “Espelhos”. São mais de 40 livros.
Na verdade, poderia ter poupado o leitor da apresentação.


Eduardo Galeano é Eduardo Galeano, como Pelé é Pelé, Niemeyer é Niemeyer e fim de papo.
Vez por outra, com a mesma paixão que se dedica a desvendar algumas das nossas tragédias latino-americanas, escreve sobre futebol, como em “Futebol ao Sol e à Sombra”, além de dezenas de crônicas sobre o esporte que ama e seus personagens.


Não foram poucas as vezes que apontou para o preconceito enrustido e o ódio que alguns ícones do futebol despertam em alguns por mudarem de status na sociedade. Abordou isso no passado ao falar de Romário, Maradona e tantos outros.
Entre alguns poucos orgulhos que posso ter nesse ofício, está o de vez por outra poder bater uma bola e ser bem recebido por esse monstro sagrado. Ouvindo-o sobre algumas questões, me sinto como um de seus personagens clássicos, o menino que, embasbacado ao ver o mar pela primeira vez, pediu ao pai: “Me ajuda a olhar”.


Nos últimos dias, o “Caso Adriano” tomou conta de todos os jornais, TVs, rádio, internet, etc. Escrevi aqui nesse blog meus pontos de vista e ponderações. Li todos os comentários publicados aqui e deu muita esperança em olhar pra frente, assim como no debate de alto nível, sem jornalismo-manja no Linha de Passe, e no que li e ouvi de alguns outros colegas por aqui. (Os comentários de blogueiros dão conta e esperança de um certo cansaço do jornalismo-manja).



Mas ainda são um grão nesse oceano. Assim como o mestre uruguaio, sigo achando que a maior parte do que se fala e publica sobre Adriano, como foi com Romário, como foi fulano, sicrano, etc, é fruto de preconceito.


Quando eu, você e qualquer um de nós nos pronunciamos, sempre pode vir à tona aquele nosso preconceito enraizado lá no fundo da alma.
Lutar contra ele todo dia diante do espelho é tarefa de cada um, e não é fácil. Repito, antes que os apressados de sempre tragam suas pedras: tou nessa também, tentando vencer esses demônios que se escondem em nossas almas todos os dias. da Senão, salvo tal preconceito e desprezo que vem lá da Casa Grande na direção Senzala, como entender porque é possível tanta adjetivação, tanta conclusão? Alcoólatra (e antes que alguém diga, Adriano já falou que “teve problemas com bebida”, o que é bem diferente de dizer que é alcoólatra), dependente químico, envolvido com o tráfico, dito assim, sem qualquer prova.

“Tenho boa fonte que me garante que...” é o que mais escutei sobre Adriano nos últimos tempos. Se todas fossem verdade, estaríamos falando de um morto. Pode ser que alguma seja comprovada amanhã ou depois. Hoje não se pode nem especular.
Mas é aí que a porca torce o rabo, é aí que me vejo lutando diante do espelho contra os preconceitos.


Pois existe por exemplo um político brasileiro, alto escalão, de importante estado da federação, que “boas fontes garantem que...”. Fui a um jogo nas eliminatórias atuais em que o estádio, em coro, muito espirituoso como são os estádios, comparava o tal político a Maradona, não pela sua habilidade com a bola.



Ontem, um vespertino de esporte na tv foi inteiro dedicado ao drama do alcoolismo no esporte, sucessivas matérias, sempre vinculadas a Adriano. Ainda aguardo ver programas de dependência química em referência ao político, já que estamos falando de suposições sem laudo, sem comprovação.
E então pergunto: por que razões ninguém fica na tv horas debatendo o vício e a dependência do sujeito ou de outro do naipe, vindo da Casa Grande, baseado nas especulações?



Com o negro e favelado pode? Com o politicão, com tantos outros, não pode. Por essas e outras, pedi mais uma vez ao mestre Galeano que me ajudasse a olhar. Me ajudou a olhar para esse mar turvo, e enviei para ele o texto anterior sobre Adriano.


Depois, como um Fã do Esporte, nos deu a honra de algumas palavras, com exclusividade. Pulo algumas palavras iniciais dele com sua imensa simplicidade e generosidade, e copio já a partir de onde espero que também ajude o Fã do Esporte a olhar. Depois dele, não me resta nada a acrescentar.



EDUARDO GALEANO:



“...Eu creio que o caso de Adriano é revelador, como bem disse, de preconceitos e julgamentos que vão além das anedotas.



O bombardeio que Adriano sofre revela, por exemplo: - A obsessão universal pela vida privada dos que tem êxito, e acima de tudo pelos desportistas vencedores que vem da miséria e que tinham nascido estatisticamente condenados ao fracasso.


- Exige-se deles que sejam freiras de convento, consagrados ao serviço dos demais e com rigorosa proibição do prazer e da liberdade.


- Os puritanos que os vigiam e os condenam são, em geral, medíocres cujo desafio mais audacioso, sua mais perigosa proeza, consiste em cruzar a rua com luz vermelha, alguma vez na vida, e isso tem muito a ver com a inveja que provoca o êxito alheio.


- Tem muito a ver com a demonização dos pobres que não renegam sua mais profunda identidade, por mais exitosos que sejam.


- E muito tem a ver, também, com a humana necessidade de criar ídolos e o inconfessável desejo de que os ídolos se derrubem.


Um abraço do teu amigo,

Eduardo Galeano (para Lucio de Castro a deferência do tratamento pessoal)




Bem, vamos lá...


Creio que meu texto tem a mesma linha de raciocínio de Mestre Galeano e do excelente Lucio De Castro o qual sou fã confesso.


Existe sim um forte dose de preconceito nisso tudo, falo a respeito no meu texto e ainda reitero agora; O exemplar e ótimo jogador Kaká decidiu investir o seu dinheiro honesto, trabalhado, limpo e com todos os devidos impostos pagos, em uma igreja comandada por um casal de pastores safados, ladrões e extelionatários, que se encontravam na cadeia até pouco tempo atrás.


Não lí uma linha a respeito na imprensa...


Na minha abordagem sobre o caso Adriano talvez haja sim uma divergência em relação ao texto do Lucio. E que bom que ela existe e que hoje, vivemos em um país onde podemos discuti-las sem pau de arara, cadeira do dragão, choque elétrico e afins... Seguinte:




Com a maior dignidade do mundo, com toda coragem que a minha vida me fez aprender ter, falei aqui nessas linhas da minha experiência pessoal de vida e dos 12 anos de problemas que tive com as drogas. Não tenho o menor orgulho disso, nem a menor a vergonha e a questão nem é essa. O que isso me da é propriedade suficiente para tratar de um assunto que graças ao satanás ou a sei lá eu quem
(minhas crenças apontam que graças a mim mesmo...) eu conheço muito bem.


Em primeiro lugar, quem tem
"problemas com as drogas" é um drogado. Quem "tem problemas com álcool" é um drogado também. O título "alcóolatra" é canalha e desaproriado porque foi o termo técnico que a medicina, conivente com a venda e o uso indiscriminado do produto, encontrou para justificar sua omissão diante do fato.


É uma doença.



Isso não quer dizer que o portador da mesma deva ser excluído de nada, mal tratado e discriminado por padecer da mesma. Como eu disse em meu texto,
"Quer dizer que ele precisa de ajuda". Não tem que provar nada, acusar de nada, fazer juízo de valor de nada. Apenas entender que um homem admitiu ter um problema, que o mesmo se manifestará sempre e que ele precisa de ajuda pra supera-lo e conviver com sua presença. Também não existe "ex-viciado".



Aqui onde moro, PARQUE NOVO ORATÓRIO, (
periferia de Santo André, Grande Abc Paulista, cidade enorme de mais de 800 mil habitantes) meu bairro ta infestado de casos como este de quem tem "problemas com álcool". Infelizmente, não é incomum isso acabar em brigas, agressões, violência infantil e doméstica e nada acontece.


Não adianta a vítima procurar a policia.
Ela ainda insiste em se fazer presente para aterrorizar ao invés de proteger ou seja; A realidade do meio social de onde veio Adriano, não é diferente do meio social de onde eu venho. No entanto, por motivos diferentes, ambos fugimos a regra.


Adriano foi ser jogador de futebol, acabou muito bem sucedido e vitorioso. Eu fui atrás de cultura, formação, educação, informação e intelecto em um lugar onde isso jamais foi, é, ou será prioridade.



Portanto, por motivos também diferentes, ambos incomodamos o estabilishiment. Eu sei bem do Adriano. Sei na pele...



Não deveria ser assim. As pessoas não deveriam ser discriminadas por suas virtudes nem tampouco por suas pretensas fraquezas. Mas isso não vai acabar.



Não, enquanto a gente insistir em "botar panos" em cima da realidade que se escancara em nossos olhos. Não, enquanto a gente apenas apontar o dedo sem pensar em como resolver os problemas sociais que nos acometem. Estamos diante de um e o que vamos fazer?



Uma espécie de julgamento de nurenberg??



A questão aqui não é culpa, nem absolvição de nada. Temos os fatos, os chatos fatos que por mim sumiriam da face da terra mas, estão ae quicando.



Que tal então aproveita-los para iniciar-mos uma discussão sobre o assunto? Mas discutir como sugere o Lucio; É o assunto, não o índividuo. Sem essas papagaiada de programa-de-futebol-de-auditório! Discutiremos em auto nível sim.


Mas vamos nos apresentar. Pelo menos eu farei isso para quem ainda não sabe de mim:



Me chamo Marcelo, tenho 38 anos, sou escritor, moro em uma periferia de uma grande metrópole, conheço de dentro essa realidade e quero sim discuti-la. Mas façamos as claras, como Lucio De Castro e Mestre Galeano.


Tenho certeza que disso, tiraremos coisas boas.



Termino com meu agradecimento à ESPN Brasil por ela existir e por ter trazido Lucio de Castro para suas colunas.


Mais do que um ótimo texto, agora tem aí mais um grande homem.

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