ERA UMA VEZ NO SERTÃO; a batalha de sobral regada a futebol, moela e pimenta...


Quando Sergio Leone pensou em fazer o lindooo ERA UMA VEZ NO OESTE, chamou Dario Argento, Bernardo Bertolucci e Enio Morricone para uma reunião em Roma, nos antigos estudios da Cinecittá, a suas idéias eram duas; Contar a história da formação do Estado Americano a partir do bravio Velho Oeste e homenagear o dadivoso John Ford, fazendo referencias a seus filmes, como recheio da película. Bem...


Aqui com essa crônica vamos então seguir contando a história do Brasil que os brasileiros nem fazem idéia que existe e, por tabela, homenagear o sertanejo Brasileiro que nem de longe sonha em aparecer no Jornal Nacional. Tudo isso de uma maneira pra lá de popular, que é, através do Futebol. Meus caros:


O final de semana de futebol nas séries principais do Brasil e do mundo, segue modorrento, chato e comum. No pacaembu por exemplo, o empate em 0x0 entre Palmeiras x Vasco poderia ser facilmente tratado como um crime contra o consumidor que comprou ingresso e comeu seu delicioso x- pernil com cerveja na frente do estádio. Falemos então do que de fato é rico de ser comentado. A nossa marginalizada Série D.


Amigo leitor, diante da riqueza de uma partida de futebol, do que há de épico envolvendo os 22 homens em questão, A Ilíada de Homero não é nada! Shakeaspere, uma chanchada da Atlantida! Dante? Oras, Dante... Perto da magnitude de um Fla x Flu, sua Divina Comédia seria folhetin de novela das oito que começa as nove... Nada, caro leitor, nem o teatro grego tem o tom épico necessário para ser do tamanho de uma peleja ludopédica! E isso não se consegue nos holofotes da Série A do campeonato brasileiro. A mídia não se interessa por nada disso. Querem a obviedade dos 0x0, 1x1 e quetais.


Pois enquanto a bola apanhava no pacaembu, engenhão, beira rio, No sertão do Brasil, no árido solo da cidade de Sobral, no Noroeste do Ceará, a Arena do Junco receberia o embate entre Santa Cruz x Guarany de Sobral. E lá, tudo corroborava para o Épico. Começa pelo Santa Cruz:


O gigante de Recife, que ora fôra grande clube popular, que dividia os tais holofotes que falei e agora, padece pelo anonimato, do Faroeste nu e cru da série D. O Santinha, atravessou o sertão numa viagem de 1000 kilometros que separam Recife e Sobral, para definir a sua sorte. Tudo contra!


Meus caros, na série D, o jogo começa na estrada! A arrumadeira do hotel que recebe o clube Adversário, já parte pro ataque! Nada de “hospitalidade”, carinhos e dengos... O cabra é bem tratado sim mas de maneira distante. Afinal de contas, “Tu ta aqui pra tentar me bolir, num vo te fazê chamego...” como me explica Tio Catidiano, marido de minha Tia Gersina, torcedor fanático do Esporte Clube Salgueiros, de Pernambuco. “O carcará do sertão!” diz orgulhoso. É meu tio que me acompanha na saga de acompanhar o jogo. Ele que me chama atenção:


Meu filho tu veja; É a vida dos caras esse jogo. Se perder acaba o ano, num tem mai salário e os atrasado, num recebe! Tudo, absolutamente tudo esta em jogo...”




Corretíssimo, meu tio!


O Calendário para essa série é absurdo. Não há uma temporada, porque a série D é um mata-mata. Quem perde, sai! Vários contratos, são feitos por jogos; São 20 jogos, por uma quantia x e se paga jogo a jogo. Investimento para a série D é um luxo, que o Brasil real, não pode contar.


Enquanto na inglaterra, a Sexta Divisão tem o patrocínio da Calsberg, uma marca de cerveja que garante um campeonato rentável para os clubes amadores que participam, no Brasil, a CBF não quer nemmm saber do que acontece em nosso faroeste série D. Nem sabe da saga dos 1500 torcedores do Santa que foram até Sobral. Não sabem do petisco de moela saborossíssimo que vende na frente do arruda, porque a globo, a band, o sportv não vai até lá. O PASTILHAS COLORIDAS vai quebrar o galho deles então e falar dessa saga. O jogo:


Jogando num esquema 3-6-1 covardão, o Santa Cruz tomou um calorão da gota no sertão! O Guarany avançou seus matadores pra cima do time coral e
aos 18 minutos, após uma falta cobrada rapidamente, o meio de campo coral cochilou e Danilo Pitbull (vejam que coisa mais Sam Peckinpahn... “Danilo Ptibull...” mata mais que Liberaty Valance!!), mandou para as redes. Era um começo da festa na lotada Arena Do Junco! O “Cacique do Vale” fazia 1x0!


O santa foi pra cima!


A “volante” tricolor botou seus homens pra cima do Guarany e deu pressão. No entanto, sua retaguarda não dava a devida cobertura e os “Caciques” do Guarany aproveitaram o vacilo e bem, no Sertão não é o local mais recomendado pra marmanjo ficar de vacilação...

Aos 32 minutos, Léo Olinda acertou um tirombaço do meio da rua e decretou a sentença mortis do Santa. Para aumentar o ônus de “saga” o goleiro do Santa ainda foi expulso e o meia Elvis foi ao gol realizar dois milagres, dignos da assinatura de Padre Cícero. Acabava a saga para o Santa.


Na festa, o dono do time de Sobral anuncia na Radio Sobral Net:


Agora, bora pra praça que o forró vai cumê até o dia clareá!!!



E assim foi o povo! Não se sabe até onde o forró vai comer no Vale mas, na Série D é assim que funciona; O “hoje” para quem não sabe o amanhã é o que vale. O cronista que não se rende as pautas fáceis, resta torcer para que a coisa se prolongue. Por mim, vos digo:


Deveria haver uma Série D, por dia! O Brasil seria bem mais BRASILEIRO...







Comentários

s disse…
opa! futebol com futebol, festa e rango no final? maravilha!

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