FUTEBOL EM TEMPOS DE CÓLERA; O BRASIL QUE O BRASILEIRO NÃO QUER VER...


As coisas iam todas dentro de uma tranquilidade na Quarta Feira quando Dona Claudete, minha mãe teve um probleminha com o seu rim. Dores fortes, tonturas, corri com ela ao hospital preocupadissimo. Minha mãe, pernambucana forte, guerreira, nada chegada a barriga me dói e resmungo, tomava seus remédios, já se recuperando enquanto eu, desesperado, não sabia o que fazer. Do alto de sua sabedoria, minha mãe então me falou:


Você num tem trabalho hoje?”


Tem mãe... Tem futebol todo dia, um inferno...”


E mesmo assim ninguém fala nada do Santa Cruz? Teus tio tudo doido indo pro estádio e nada.. Porque você num conta isso?”


Fiquei a pensar nisso.


O Santa Cruz é um time popular e gigante, como poucos são no mundo!


Faz parte do trio de ferro la de Pernambuco, ao lado de Sport e Nautico. Sua Apaixonada torcida, lotou o Arruda domingo e, em um jogo de 4º divisão, foi batido o recorde de 60 mil pessoas no jogo Santa Cruz x Guarany de Sobral. Um jogo durissímo!


O time de Sobral, aproveitando da fragilidade defensiva do Santa foi logo abrindo 2x0 com gol average valendo muito, fora de casa. Era o desespero master tomando conta. Talvez se fosse o mal acostumado torcedor de Corinthians, Palmeiras, Flamengo, São Paulo ou Grémio. Mas a REALIDADE do futebol brasileiro é bem outra.


Esses milhões que se fala, esses salários dantescos, correspondem a 6% dos jogadores de futebol profissional registrados no BID da CBF. São outros 94% de trabalhadores do futebol, desempregados, com salários atrasados, com dividas e passando necessidades. A série D do campeonato brasileiro é o mais fiel retrato disso. Nele, o torcedor não pode fazer nada além de torcer como se cada jogo fosse o último, porque de fato, é mesmo. Então o povo Coral Torceu...


Deu certo; Joel Alysson e o velho Jackson, 37 anos, vários clubes rodados, marcaram a virada para 4x2. Como o enredo desse faroeste pede um certo drama, o Guarany fez o 3º gol, sacramentando o 4x3 final. Agora a decisão fica para a Arena do Junco em Sobral, sertão Cearense pesado. Agora, amigo leitor, me diga; Tem algo mais rico para um jornalista cobrir, do que um confronto como esse? Que graça tem assistir um modorrento Vitória 1x1Palmeiras? Que coisa mais chata ver esses jogadores do Palmeiras cometendo erros crassos, desleixados, de puro relaxo, sem nenhum compromisso com o a camisa que vestem.


Porque a nossa imprensa “futebolística” (Não é esportiva! Só cobrem um esporte, que é futebol...) é tão óbvia? Porque perder tempo com esse time meia boca do flamengo? Falar da impáfia dos dirigentes sãopaulinos? Prefiro eu, saudar Rogerio Ceni e seus 20 anos de clube e nem precisava ter jogo para isso. Na verdade, os jogos da série A estragam essas datas. Não há mais encanto no tal futebol profissional e globalizado. No mundo dos números, dolares, libras, Chelseas, Milans e afins, não sobra espaço para as 60 mil pessoas do Arruda, serem protagonistas. É um absurdo...


Mas aqui no Canela De Ferro, pelo menos uma vez, uma mísera vez que seja... Vamos inverter o modos operandis dos meios de comunicação. Hoje, esse espaço não falará do 1x1 entre Corinthians e Atlético Paranaense, muito menos do soneolento São Paulo 2x0 Flamengo. Dei os resultados e ta ótimo!


A cronica, só pode ser rica, quando os olhos do cronista são de fato livres pra enxergar a riqueza lírica da história, onde ele está sem nenhum outro compromisso que não não seja a emoção. Isso é o que tento passar aqui hoje, é o que tentarei passar sempre. Termino aqui e dedico esse texto a minha mãe Dona Claudete que segue firme na sua luta contra o rim teimoso.


Força ae, véia! Ainda levarei a senhora no meio desse povo ae...





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