TEOREMA DOS QUASES E A PORÇÃO ÉPICA DAS CRÔNICAS FELIPÔNICAS...


Dia de sol na quebrada. Coisa boa!


Amigo que me lê, amigo que torce, eu vos digo; A vida na periferia é bem agradável. Sempre tem aquela conversa, aquele bate papo na calçada, aquela cerveja gelada regada a um bom papo no aprazível bar da vila nossa de cada dia. Já fazia tinha um tempo que eu não batia o meu cartão na chapa do balcão do Bar do Ivo, no Parque Novo Oratório quando dei com as fuças lá, ontém. De cara já vi a novidade:


Sentados, de frente para a tv, Mancha, Seu Clarindo e Bolão, munidios de seus respectivos tinguás, engasga-gatos e outras cachaças, assisitam ao mundial de basquete onde jogavam Brasil x Eslovenia. Pois é, agora no bar do Ivo tem tv por assinatura. É a modernidade!


Estranhando o fato novo, claro que comentei:


Ué; Agora vocês gostam de basquete?”


É a seleção, Marcelo!” - me respondeu impávido, Bolão.


Mas vocês manjam disso?”


Oras Marcelo; É só acertar a bola alí naquela cesta e ganhar dois pontos” - Falou Seu Clarindo do alto de sua sapiência e Mancha, o alfaiate do PNO arrematou:


E de longe vale 3!”


Depois das explicações, pedi minha serra malte, enchi um copo, sentei e comecei a assistir ao jogo, acompanhado dos meus amigos, novos basqueteiros. Foi um jogo estanho. No que pese eu não entender muito de Basquete, foi legal, porque sem o dito “conhecimento”, torci, puramente torci. Como são puros todos os torcedores autênticos.


Brasil se arrastou até o último minuto, contra o forte time Esloveno para perder por apenas 3 pontos. Os especialistas diziam que era muito bom isso, visto que o Brasil evoluiu demais nos últimos anos e tudo mais. No entanto meus amigos não gostaram muito não:


Qualé a diferença de perder por 3 ou perder por 30? Perdedor é perdedor!” - Bradou o enfurecido Bolão. Então pensei nisso para o nosso esporte em questão aqui...


No futebol, também tem o time do “quase”. Aliás, o futebol não seria tão divino se não fosse o afamado, “quase”. Vejamos:


O maracanazo de 1950, quando a seleção brasileira, quase foi campeão do mundo pela primeira vez; Se não fosse o “quase” Giggia, nosso algoz não seria lembrado nem nos boteco, nos Bar Do Ivo, la de Montevideo. O desastre do Sarriá, entre Brasil x Italia em 1982; O quase, novamente dá as suas caras nessa partida épica por várias vezes. Se não por ele, como fariamos para lembrar daquela cabeçada do Oscar, aos 43 do segundo tempo, defendida pelo Dino Zofi? O quase, também passou pela Catalunha aquele dia, no passe errado de Toninho Cerezzo que caiu no pé de nosso matador Paolo Rossi; Quase que o Luizinho, salva! E assim se faz a magia do futebol. Nos dias de hoje temos um emérito conhecedor dessa coisa do “Quase”.


Luiz Felipe Scolari, técnico do meu Palmeiras, passou por vários “quases” nos seus 40 anos de futebol. Felipão, como é gauchisticamente chamado, Quase foi campeão mundial pelo Gremio em 1995, quando conseguiu segurar com um jogador a menos, a máquina holandesa de fazer gols, do time do Ajax. Também quase foi campeão novamente com nosso verde, numa partida em que um goleiro australiano do Manchester United da Inglaterra, pegou tudo no Japão. Depois, quase foi campeão da Eurocopa em 2004 pela seleção de portugal, um feito inenarrável! Mas nosso técnico também é muito vitorioso.


Campeão pelo Gremio, Palmeiras e pela seleção brasileira, vencendo o penta campeonato em 2002, Luis Felipe é homem bem sucedido no futebol. Não tem que provar nada a ninguém mas, infelizmente isso não se aplica ao time que treina, que é muito maior que ele e que qualquer um. Felipe sofre no Palmeiras.


Nosso time é limitado demais, carente de talentos demais. Conta com Valdivia fora de forma e com o guerreiro Kléber que tira leite de pedra no ataque! Atrás, Mauricio Ramos, Danilo e o sacrificado Fabrizio, fazem o que podem. Esse último, sofre por ser escalado na lateral esquerda, sendo que sua posição de origem é de zagueiro. E assim vamo nós!


O Palmeiras que quase perdeu para o decadente Atlético Mineiro domingo, Quase venceu o Fluminense líder, ontém no Maraca. Criou chances do jeito que deu e que podiam. Contou com o bravo Kléber e no todo, com o empenho desses honestos jogadores que são sim muito ruins mas, esforçados, para arrancar do fígado, um empate ensanguentado aos 47 minutos do segundo tempo, num gol de Everton. Bacia das almas, master!


Como disse no começo dessas linhas, eu fico feliz como torcedor, afinal de contas, torcer é mais ou menos isso mesmo; Acreditar até as últimas, sem nenhuma garantia de que sairás feliz. Pensar que no dia em questão, o quase, esteja a seu favor. Beleza.


Então, seguindo a teoria de que o contrário pode acontecer, basta torcer para quase perder...



Comentários

Clara disse…
rsrsrsrs... Muito bom!
Carolina Sorenssen disse…
Vc consegue tornar esse troço de futebol muito agradável para se ler!
Erika disse…
hahahaha... Ameiiii os coadjuvantes!!!! hahahaha

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